História do RAP Nacional.
Surgimento e década de 1980
Antes mesmo do rap chegar ao Brasil, algumas canções no estilo já tinham sido lançadas. Como possíveis primeiras canções estão "Deixa Isso Pra Lá" (1964) de Jair Rodrigues, "Melô do Tagarela" (1979) de Arnaud Rodrigues e Luís Carlos Miele (paródia de Rapper's Delight de Sugarhill Gang), "Mandamentos Black" (1977) e Mêlo do Mão Branca" (1984) de Gerson King Combo. Outros como Rappin Hood, apontam que os repentistas nordestinos seriam os precursores do estilo no país.O rap chegou ao Brasil no final dos anos 1980, com grupos de periferia que se reuniam na estação São Bento do metrô de São Paulo, lugar onde o movimento punk começava a surgir. Nesta época, as pessoas não aceitavam o rap, pois consideravam este estilo musical como sendo algo violento e tipicamente de periferia. Os primeiros a frequentarem o local foram os dançarinos de breakdance, o principal tipo de dança hip hop.O dançarino Nelson Triunfo é considerado um dos primeiros dançarinos de breakdance do país. Dentre estes b-boys, muitos acabaram decidindo serem rappers, como são chamados os cantores de rap. Apelidados de "tagarelas", tiveram que se mover para a Praça Roosevelt porque houve uma divisão de grupos para cada um continuar difundindo um pilar da cultura hip hop em cada lugar. Pouco tempo depois, os rappers tornaram-se os principais representantes do movimento no Brasil.Foi de colaboração essencial para o desenvolvimento do rap no país a apresentação do popular grupo americano Public Enemy, em 1984. Através dele foi apresentado o rap a um número grande de pessoas e começou a se difundir rapidamente entre a periferia dos grandes bairros. Em 1977, foi lançada "Kátia Flávia" pelo cantor e ator carioca Fausto Fawcett, considerado o primeiro rap do respectivo estado. O primeiro álbum exclusivo de rap brasileiro que se tem notícia é Hip-Hop Cultura de Rua, lançado em 1988 pela gravadora Eldorado e produzida por Nasi e André Jung, ambos integrantes do grupo de rock Ira!. Nele foram apresentados artistas como Thaíde e DJ Hum, MC Jack e Código 13. O destaque ficou por conta de Thaíde, que interpretou os clássicos versos: "Meu nome é Thaíde /Meu corpo é fechado e não aceita revide". As bases do disco eram baseadas em funks americanos e acompanhadas espontaneamente de scratches feitos pelos equipamentos de DJs.No mesmo ano, a segunda coletânea foi lançada e projetou um dos maiores grupos da história do rap brasileiro, os Racionais MC's. Consciência Black, Vol. I, reuniu oito faixas, dentre elas "Tempos Difíceis" e "Racistas Otários" dos Racionais. Formado por Mano Brown, Edy Rock, Ice Blue e KL Jay, o grupo apresentou para a mídia um rap voltado mais para a desigualdade na periferia e as injustiças sociais com a raça e cor dos membros. Outras compilações da década de 80 foram Ousadia do Rap, de Kaskata's Records, O Som das Ruas, de Chic Show, Situation RAP de FAT Records. A maioria destas gravadoras surgiram de pessoas que organizavam bailes blacks nos anos passados.Com a mudança na política da capital paulista, foi criada em agosto de 1989 a MH2O, abreviatura de Movimento Organizado de Hip Hop no Brasil, que posteriormente se tornaria uma organização não-governamental e estando presente em quatro das cinco regiões do país. Este movimento organizou a cultura hip hop, dividindo em seus principais pilares e organizando as primeiras oficinas culturais. A M2HO pode ser considerada como a responsável pelo novo tema abordado nos raps, que antes eram feitos com base em piadas e histórias quaisquer.
1990-2000
Em 1990, os Racionais MC's lançaram o seu trabalho de estreia, intitulado Holocausto Urbano, através da gravadora Zimbabwe Records. Foi lançado em formato de LP e contava - além das duas músicas da coletânea anterior - com "Pânico na Zona Sul", "Hey Boy", "Beco sem Saída" e "Mulheres Vulgares". Racionais ainda lançou Escolha seu Caminho em 1992 e Raio X Brasil, em 1993. Este último foi considerado o marco da propagação do rap na música brasileira, fazendo os Racionais atrairem mais de 10 mil pessoas por show. Tal fato fez o grupo abrir um espetáculo do norte-americano Public Enemy. As músicas "Fim de Semana no Parque" e "Homem na Estrada", contidas em Raio X Brasil foram as primeiras de rap "alternativo" a serem executadas na rádio. No ano seguinte, uma coletânea chamada Racionais MC's foi lançada pela RDS Fonográfica reunindo as faixas dos três álbuns anteriores.Em 1993, no Rio de Janeiro, MV Bill participou da coletânea Tiro Inicial, que foi crucial para que seguisse na carreira de rapper. Mas seu primeiro álbum, Traficando Informação, só viria em 1999. Com esse álbum, MV Bill recebeu o Prêmio Hutúz de 2000, na categoria álbum do ano.Também no Rio de Janeiro e em 1993, surgiu o Planet Hemp, liderado por Marcelo D2 com uma espécie de rapcore, misturando elementos do rap com reggae e rock. Seu primeiro álbum, intitulado Usuário, recebeu disco de ouro por 140 mil cópias vendidas. A sua temática foi bastante reprendida pelas autoridades da época, que censuraram o videoclipe de "Legalize Já", uma clara apologia ao uso da maconha. O entorpecente era tema recorrente nas letras do Planet Hemp, que possuia uma postura totalmente favorável à sua legalização e uso, começando pelo próprio nome do grupo.Ainda naquele ano em São Paulo, o Facção Central, principal nome do gangsta rap brasileiro, lançou o álbum de estréia Família Facção seguido por Juventude de Atitude, de 1995. Com uma temática muito mais pesada que a da maioria dos grupos de rap da cena paulista, o Facção Central trata na totalidade de sua discografia sobre a violência, crime, pobreza e repressão policial nas favelas de São Paulo. O álbum Versos Sangrentos de 1999, foi um dos mais polêmicos. As composições fortes de Eduardo combinadas com o videoclipe de "Isso aqui é uma Guerra" vinculado na MTV, tiveram suas gravações confiscadas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, tendo sua exibição proibida pelo Ministério Público, que abriu um processo contra os integrantes. O assessor de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo, Carlos Cardoso, por sua vez declarou: "O grupo prega uma luta de classes primitiva. O casamento da letra com as imagens resulta num filme de horror absurdo." Este fato acabou trazendo ainda mais popularidade para o grupo e sua temática principal, que hoje é considerado um dos maiores nomes do rap nacional.Além desses casos, o rap já foi centro de diversas outras polêmicas por causa de composições, como em 1992, em que o grupo de rapcore Pavilhão 9 causou controvérsia com o lançamento do álbum de estreia Primeiro Ato. Uma música intitulada "Otários Fardados" fez com que os integrantes fossem alvo de ameaças telefônicas anônimas.O Realidade Cruel do interior paulista, é outro nome importante da cena do hip hop de São Paulo, seu primeiro álbum Só Sangue Bom foi lançado em 1999, com uma temática agressiva, semelhante ao Facção Central. Diversos outros grupos paulistas de grande importância para o rap nacional surgiram na década de 1990, entre eles Face da Morte, Detentos do Rap e Sistema Negro. Nessa década também emergiu a cena hip hop na Região Metropolitana de Brasília, destaque para as bandas com o selo da Gravadora Discovery: Cirurgia Moral, Câmbio Negro, Código Penal, entre outras.Em 1997, os Racionais MC's lançaram o álbum Sobrevivendo no Inferno, considerado a obra definitiva da banda com os seus maiores sucessos contidos, foi eleito pela Rolling Stone como o décimo quarto melhor disco brasileiro de todos os tempos e vendeu mais de 1,500,000 cópias, sendo 200 mil apenas no mês de lançamento. Hits como "Capítulo 4, Versículo 3" e "Diário de um Detento", apareceram na MTV com apresentação ao vivo no VMB e videoclipe vinculado na programação, respectivamente.
Era atual. Auge da escena paulista
Artistas consolidados e respeitados como Racionais MC's, MV Bill, GOG seguem nesta época sua carreira artística. Por outra parte, o carioca Marcelo D2, com sua mistura de hip hop e samba, conseguiu relevancia internacional, atuando em vários países da Europa, nos Estados Unidos e sendo entrevistado pelo jornal espanhol El País.
Nos anos finais da década dos 00, apareceu uma nova escena paulista que contribuiu a renovar o hip hop brasileiro em todos os ámbitos. Com batidas novedosas, estilo agil e letras mais variadas (nao só sobre crime e condiçoes de vida em subúrbios e favelas) mas mantendo o espirito underground e a consciencia social, artistas vinculados a "Laboratório Fantasma" como o Emicida, Rashid, Projota, Criolo Doido ou Kamau sao os nomes mais destacados desta nova geraçao paulista. Algúm destes artistas como o Emicida começaram sua carreira artística nas batalhas de MC's. A participaçao do Emicida no programa de Jo Soares evidenciou o fato do rap brasileiro ter ganhado um importante espaço na mídia e na sociedade brasileira, chegando a ser trending topic mundial no Twitter.
Por outra parte, outro nome a destacar é o do C4bal rival deles. Sao bem conhecidas seus beefs com Emicida. C4bal apresenta um jeito completamente diferente de entender a cultura hip hop: de classe média, criado nos Estados Unidos, onde viveu pessoalmente em Nova York a idade dourada do rap (Nas, Notorious B.I.G., Rakim, etc) mostra um estilo e umas batidas mais comerciais, com claras influencias da musica eletrónica. É por isso que foi duramente criticado pelos elementos mais "puristas" do movemento, porém ninguém pode negar que contribuiu a renovar o estilo do hip hop brasileiro, e ganhar relevancia internacional ao ganhar um Grammy latino.
Rappers e grupos brasileiros de rap
Rappers e grupos brasileiros de rap
São Paulo
Grupos
- 509-E
- A286
- A Família
- Alcatéia
- Ao Cubo
- Apocalipse 16
- Alquimia Do Verso
- Código Fatal
- Conexão do Morro
- Consciência Humana
- Consciência X Atual
- DBS e a Quadrilha
- De Menos Crime
- Detentos do Rap
- DMN
- Expressão Ativa
- Facção Central
- Face da Morte
- Filosofia de Rua
- Função RHK
- Inquérito
- Kartel de La Rua
- Motirô
- Mzuri Sana
- Ordem Própria
- Nego L
- Pavilhão 9
- Pentágono
- Química Vocal
- Racionais MC's
- Realidade Cruel
- Rosana Bronks
- RZO
- Sampa Crew
- Sistema Negro
- SNJ
- Thaíde & DJ Hum
- Total Drama
- Trilha Sonora do Gueto
- U-Time
- Visão de Rua
- Z'África Brasil
Cantores
- Afro-X
- Antonio Carlos de Niggro
- Cabal
- Criolo Doido
- Dexter
- Dina Di
- DJ Alpiste
- DJ Hum
- Flow-z
- Dum Dum
- Eduardo
- Edy Rock
- Emicida
- Ice Blue
- Kamau
- Leilah Moreno
- Lino Krizz
- Mag
- Mano Brown
- Mano Reco
- Max B.O.
- MC Rashid
- Mc Luck
- Nocivo Shomon
- Ndee Naldinho
- Negra Li
- Nill
- Ogi
- Pregador Luo
- Projota
- Raphão Alaafin
- Sabotage
- Suppa Flá
- Thaíde
- Xis
Rio de Janeiro
Grupos
- Antônia
- Black Alien & Speed
- Bonde da Stronda
- Planet Hemp
- Quinto Andar
- ConeCrewDiretoria
- Oriente
Cantores
- André Ramiro
- Black Alien
- BNegão
- De Leve
- Fausto Fawcett
- Gabriel o Pensador
- Marcelo D2
- Marechal
- MV Bill
- Nega Gizza
- OBandO
- Speedfreaks
- Túlio Dek
- Shawlin
- Xará
- ice pack
Distrito Federal
(Brasília)
Grupos
- Ataque Beliz
- Diga How
- Atitude Feminina
- Tribo da Periferia
- Cirurgia Moral
- Pacificadores
- Radicalibres
- GH Rap
- Pesadelo Real
- Subjugado
- Rodstar
Cantores
- Hungria
- Nitro Di
- Maléfico
Mestres de Cerimônia
- DJ Jamaika
- GOG
- RAPadura
- Rei
Outras regiões
Grupos
- Insanity Life
- Alta Voltagem
- Artigo 607
- Banda Muchileiros
- Da Guedes
- Manifesto
- Guind'art 121
- Origem Ghetto
- Subconsciente
- Terra Preta
- Viela 17
- V.O Versão Original
- Acesso Restrito
- Razantes mcs
- Evolução Sonora
- Essência
Cantores
- AeB-BROW
- Schuma
- Algoz
- Karol Conká
- Lindomar 3L
- Patrick Horla
- Renegado
- MC Sheep
- JohnnyRL
- Us Neguin que Não se Kala
- Dom Negrone
- KassielAlves
- YuriSA
- Nowzias
- Mrjonasdrift
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